sexta-feira, 5 de março de 2010
ENTREVISTA: WALTER VETILLO
Aqui é o Bira de novo. Tive contato com o trabalho de Walter através de seus roteiros para o Estúdio Ely Barbosa, que produzia o gibi “Festival HB” publicado pela então editora Rio Gráfica (atual Globo).
Seu irmão Eduardo, foi desenhista de Jana das Selvas (baseada em Rima, desenhada por Nestor Redondo para DC Comics) com histórias longas e repletas de mensagens ecologicamente corretas, lutava contra exploradores estrangeiros inescrupulosos. Era uma defensora das nações indígenas e dos animais da floresta.
Walter escreveu para a editora Escala Educacional “Zumbi”, “Maria Quitéria”, “Cabral” e “Tiradentes”, também ilustrados em lindas aquarelas pelo irmão. Publicaram ainda pela FTD, “A Grande Viagem” que narra a descoberta (e invasão) do Brasil pelos portugueses.
Mas foi na Editora Cortez que ambos voltaram a produzir Quadrinhos, e em grande estilo: “O Guarani”. Pela mesma editora adaptaram a “Ilha do Tesouro” de Robert Louis Stevenson.
Walter, bom dia...
1. Qual é a sua idade e onde nasceu?
- Sou um escorpiano, nascido do dia 12/11/42 nesta Paulicéia Desvairada, que eu amo de paixão. No mais, estou com 66 anos bem vividos.
2. Qual é a sua formação ?
- Formei-me em Economia pela USP, mas não segui a profissão, pois não era minha praia. No último ano da faculdade me lancei numa aventura e embarquei em Vitória num cargueiro Sueco, como aprendiz de marinheiro. Fui para Dinamarca me encontrar com meu irmão, o Edu. Abri uma janela para o mundo e a aventura e quando voltei, no mesmo navio, senti que teria que partir para outros caminhos.
3. Que livros marcaram em cada época, sua infância, adolescência e na idade adulta?
- Na infância, eu e o Edu éramos muito ligados em gibis e nos almanaques do Globo Juvenil (acredite, temos ainda um datado de 1952). Por sorte nossa, o jornaleiro, seu Nicola, era amigo de meu pai e quando não podíamos comprar, ele nos emprestava. Era uma festa, viajamos muito por este mundo maravilhoso dos quadrinhos. Na adolescência, gostava muito das aventuras (Nick Holmes, Tarzan, Super Homem, etc) e também da inesquecível coleção “Tesouro da Juventude”.
Como adulto, me marcaram o Admirável Mundo Novo, do Huxley, O Lobo da Estepe, do Herman Hesse e também o grande poeta Fernando Pessoa.
4. E os gibis?
- Além dos já referidos, lembraria uma coleção italiana sensacional de aventuras: “Xuxá” (sobre a Segunda Guerra) e o “Pequeno Xerife” (de bang- bang, que também marcou muito nossa infância).
5. E a arte da escrita?
- Quando comecei a me interessar mais por ecologia, esoterismo e auto-conhecimento, comecei a escrever artigos e acabei como colaborador da revista Planeta, com a qual fiz grandes amigos, como o Paulo Coelho, Raul Seixas, Rita Lee, o redator, o Ednilton Lampião, etc) e também para o jornal Primeira Mão.
6. Qual foi seu primeiro trabalhado publicado?
- Além dos referidos acima, algumas revistas na época do grande Ely Barbosa (Scooby Doo), foi um livro em quadrinhos que fizemos, eu e o Edu, sobre a viagem de Cabral ao Brasil: “A Grande Viagem”, publicado pela FTD.
7. O que o levou a escrever roteiros para HQs?
- Além de gostar muito das HQs como contei no início, foi o fato da convivência com o Eduardo e com o estúdio do Ely Barbosa, que era um campo fértil nesta matéria.
8. Como era o seu método de trabalho ao escrever para o estúdio do Ely Barbosa?
Você trocava "figurinhas" com seu irmão ou ele só via o roteiro na hora de desenhar? Ele dava palpites no roteiro?
- Eu sempre trocava idéias com o Eduardo e sua grande experiência me ajudava muito e o fato de trabalharmos juntos, facilitava muito o trabalho em "dobradinha".
9. Que história te marcou mais?
- Na época do Ely, foram os roteiros que fiz para o Scooby Doo e o Bionicão. Recentemente, foi o exaustivo trabalho de quadrinizar uma obra como O Guarani, de José de Alencar, principalmente por que visava o público infanto-juvenil e teve que ser bem pensada e trabalhada. Mas acho que o resultado final valeu o trabalho.
10. Parece que o mundo acordou um pouco tarde para discutir a agressão ao meio ambiente e a busca inconsequente por lucros. Como você se sente tendo feito isso há 30 anos atrás?
- Você colocou muito bem e a pergunta é bastante oportuna. Fui um dos pioneiros a dar vários alertas sobre a ecologia e as agressões à Mãe Terra, quando escrevia na revista Planeta, para um jornal de Brasilia e para o Primeira Mão. E imagine, os jornalistas me chamavam de poeta: " O Vetillo está preocupado com os passarinhos, as flores, etc,etc. Quando caiu a ficha, anos depois, os mesmos jornalistas me procuravam: "Walter, o que é 'efeito estufa', 'camada de Ozônio', como podemos conseguir o equilíbrio de nosso planetinha?"
Sinto-me realizado por ser um dos pioneiros, graças ao meu mestre na época, o grande Lutzemberg, que foi um grande pioneiro e batalhador. Infelizmente, como você colocou, a busca inconsequente de lucros, as multinacionais, interesses mesquinhos de grandes potências, fizeram o resto e deu no que deu. Mas nunca é tarde e precisamos continuar a luta, contando que felizmente muitos acordaram...
11. Que roteiro de personagem conhecido você gostaria de fazer?
- O Brasil tem muitos personagens interessantes mas, infelizmente, com a baixa estima que nos caracteriza, eles passam em brancas nuvens. Precisamos mudar isso, pesquisar, e tenho certeza que encontraremos. Uma prova é o livro que lançamos para a Escala Educacional, na linha "Saga de Heróis" e uma delas é a Maria Quitéria, heroína do movimento pró-independência da Bahia, que se alistou no Batalhão dos Periquitos e era quase desconhecida, e o livro está vendendo bem.
12. O que você tem achado das adaptações de literatura para os Quadrinhos? É positivo para a história dos Quadrinhos no Brasil ou tem algum "porém"?
- Acho extremamente positivo, pois o jovem leitor vai se sentir muito mais atraído pela magia dos Quadrinhos do que volumosos livros. Prova disso, foi o lançamento do "O Guarani" em quadrinhos que fizemos para a Editora Cortez. Os livros do José de Alencar são muito indicados pelos professores, e nesta forma lúdica dos Quadrinhos, fica muito mais palatável para os jovens leitores.
13. Você prefere adaptar ou criar?
- Os dois temas são sempre grandes desafios, mas eu acho que mesmo adaptando obras, nunca podemos deixar morrer nossa veia criativa...
14. Quais são seus projetos para 2010?
- São muitos. Quero continuar nesta linha de resgatar figuras importantes do Brasil para os Quadrinhos ou em forma de livros e também começar a coçar minha imaginação e lançar um livro de minha autoria.
PALMARES EM QUADRINHOS
http://www.lojacortezeditora.com.br/cortez-1026.html
Roteiro e desenhos: Eduardo Vetillo
A escravidão foi um dos piores males da humanidade. Eduardo Vetillo, nesta eletrizante história, nos leva de volta ao século XXVII, quando ocorreu uma das mais sangrentas batalhas de que já se teve notícia no Brasil, a destruição do quilombo dos Palmares. Demba e Moah conseguiram um feito incrível: fugir a nado de um navio negreiro e alcançar a costa brasileira, onde começa essa incrível aventura de superação, amizade e liberdade a qualquer preço.
O GUARANI DE JOSE DE ALENCAR, EM QUADRINHOS
Adaptação: Walter Vetillo
Desenhos: Eduardo Vetillo
http://www.lojacortezeditora.com.br/cortez-1027.html
Nesta adaptação de texto envolvente e vibrante, o leitor é apresentado a uma obra-prima da literatura brasileira. É um Brasil ainda selvagem e desconhecido, onde se trava esta aventura de amores não correspondidos, preconceitos reais e batalhas entre brancos e índios pelo direito a terra. Peri é um índio que se arrisca para defender a família de sua amada Cecília, e é o grande herói desta história e o primeiro herói verdadeiramente brasileiro de nossa literatura. Este livro irá certamente encantar os leitores de todas as idades.
A ILHA DO TESOURO DE ROBERT LOUIS STEVENSON
Adaptação: Walter Vetillo
Desenhos: Eduardo Vetillo
http://www.lojacortezeditora.com.br/cortez-1025.html
Desde o momento em que um misterioso capitão chega à hospedaria “Benbow”, esta bela narrativa de piratas e tesouro nos remete a uma fascinante aventura. Repleta de personagens marcantes, de Long John Silver ao cego Pew, do corajoso Jim Hawkins e seus amigos, navegando na fragata “Hispaniola”, em busca do cobiçado tesouro do maldoso Flint, a luta no forte e o empolgante duelo de morte de Jim no mastro do navio. Eis aqui um famoso clássico, repleto de belas ilustrações e especialmente condensado para convidar os jovens leitores a se deliciarem com esta consagrada obra.
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Navegando pela internet dei de cara com este blog. Me chamou a atenção os irmãos Vetillo, pois tive o prazer de ser parceiro de Eduardo em várias histórias do personagem Chet, pela Editora Vecchi. Valeu!
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